sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Pizza

Queria jantar pizza, e não consegui. Foi uma daquelas vontades que me deu: jantar pizza frente à televisão, tranquilamente sentado no sofá.
Já vestido a rigor, com tudo pronto, liguei para a pizzaria que faz entregas ao domicílio. As primeiras chamadas não tiveram êxito. Mas nada me preparava para a desilusão que viria a seguir: hoje fecharam mais cedo para uma manutenção.
E aqui fiquei, abandonado a um jantar improvisado, e a imaginar uma pizza. Pelo menos já tenho ementa para amanhã.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Decidam-se!

Precisamente de hoje a um mês são as eleições na Costa do Marfim. Pelo menos é a data que está marcada, mas começam a aparecer cada vez mais sinais que fazem crer que serão mais uma vez adiadas. Apesar de tudo, as entidades responsáveis mantém a data e continuam os preparativos.
Pior do que serem ou não feitas, é a dúvida que se instala. Andar a preparar eleições todos os anos não serve o país. Os investimentos ficam num stand-by permanente, os espíritos constantemente alerta, a população na corda bamba.
É claro que não é assim tão simples, mas dá vontade de dizer aos senhores que se decidam. Façam as eleições, ou não façam as eleições, mas pelo menos decidam-se! Assim é que não dá.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Reencontro

Hoje fui à zona industrial de Yopougon e revivi uma sensação que já não tinha há uns tempos: o buliço típico da hora de almoço para os operários das fábricas.
É uma sensação que conheço por em pequeno a ter vivido, na fábrica do meu avô que viria a ser dos meus pais. Os trabalhadores que ao som duma campainha páram e saem em grupo para ir almoçar. Grupos que se formam, amigos que se reencontram, conversas que se põem em dia. Uma rotina de todos os dias, mas todos os dias uma história nova, novidades da família, novos projectos. E a mesma campainha para retomar o trabalho.
Em Portugal continua, evidentemente, a existir esta realidade. Fui eu que me fui distanciando dela, pelas opções que fui tomando a nível profissional. Mas reencontrei-a aqui, o que me trouxe algumas recordações de volta. Foi engraçado.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Vólei

Hoje estive na Embaixada dos Estados Unidos. Não para trabalhar ou ir à biblioteca, mas para fazer desporto.
No fim de semana passado conheci umas pessoas que me convidaram para ir jogar vólei de praia com eles. E jogam no campo da Embaixada, pelo que hoje lá estive.
Entre marines, jornalistas, e outros, passei momentos agradáveis, e sempre muda um bocado o cenário.
A segurança está lá, as câmaras também, mas o ambiente é perfeitamente relaxado. Foi bom.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Torcicolo

Ir abastecer o carro em Abidjan pode provocar um torcicolo. Esquisito? Talvez não tanto assim.
É que há muitos casos de burlas, em que os empregados dos postos de combustível simulam que estão a encher o depósito quando, na realidade, não estão. Há outros casos mais evoluídos, em que de facto alguma coisa entra para o depósito... mas é ar.
Assim, para evitar qualquer uma destas situações, é preciso ver os números da máquina a mexer, e depois confirmar a subida do ponteiro (caso funcione). Por isso mesmo, os condutores que não queiram sair do carro, têm de fazer uma ginástica e umas quantas contorções para poderem controlar o desenrolar dos acontecimentos.
Em qualquer uma das situações, desde que se peça, eles passam recibo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Retoma

A semana que passou foi-me impossível manter o blogue actualizado, devido ao trabalho. E não é sem algum incómodo que constato que as crónicas estão atrasadas em mais do que um dia.
A partir de amanhã, vou retomar a escrita e tentar recuperar o atraso. Temas não faltam, espero que a inspiração também não. Até amanhã.

domingo, 18 de outubro de 2009

Air Ivoire

Há companhias aéres em que os atrasos não são um problema: são uma característica. Uma delas é a Air Ivoire.
Quase sempre que viajo com eles, há atrasos. E como é evidente, também nos outros voos se passa o mesmo. O que acho extraordinário é que, além dos atrasos, não tenham qualquer explicação ou previsão a dar às pessoas, e quando confrontados com o assunto, ainda parecem ficar sentidos. Mas vão ter de me aturar.

sábado, 17 de outubro de 2009

Monotonia

Tenho em Abidjan um grupo de amigos com quem estou frequentemente. Pelo menos, para os meus padrões.
É que todos os fins de semana (sem excepção) eles vão para o mesmo maquis, na mesma praia, às mesmas horas, beber e comer as mesmas coisas, jogar os mesmos jogos... Eu vou algumas vezes, mas não consigo acompanhá-los sempre.
Esta atitude não tem nada a haver com as pessoas: são divertidas e simpáticas, tanto que todos os fins de semana me convidam para ir com eles. O problema é meu, com a minha incapacidade de lidar com a monotonia. Pelo que por vezes, fico simplesmente em casa a ver um filme, a ouvir música ou a ler. O que em si também pode parecer monótono, mas numa perspectiva macro, sempre cria alguma diversidade.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Universidade

Pela primeira vez desde que aqui estou, tive a oportunidade de visitar a universidade de Abidjan. E o que encontrei, foi um bocado desolador.
O espaço é enorme e magnífico, muito ao estilo dos campus universitários em França. Faz-me lembrar o de Montpellier. Imensos edifícios dedicados a diferentes domínios, e espalhados sobre um espectacular espaço verde de jardins, pequenos bosques, e árvores isoladas no meio do relvado.
Mas está tudo muito degradado. Demasiado degradado, praticamente inoperacional, quase nada funciona. E como, ainda assim, é um local onde passam muitas pessoas, em algumas zonas existem autênticos mercados, o que não é propriamente o core business duma universidade.
É pena que assim seja, porque uma universidade funcional é importante a vários níveis, quer para uma cidade, quer para um país. Mas como tantas outras coisas aqui, parece-me que no estado a que chegou, mais vale demolir e construir outra. O que também não é evidente que aconteça.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Programa(s)

Quando as pessoas não querem trabalhar, todas as desculpas são boas.
Há uns tempos, o meu professor de ténis avançou com a ideia de fazermos um programa de treino, fixando as datas de terça e quinta-feira às 19h. Apesar de ser menos flexível, não é uma má opção: a ele, permite-lhe contar com o que lhe pago por hora; a mim, permite-me ter uma agenda mais organizada.
Só que aparentemente, a concepção de programa difere entre nós os dois. Ontem, quando lá cheguei, ele tinha ido embora porque eu não tinha telefonado a confirmar. Ora, quando se estabelece um programa, os telefonemas são normalmente para desmarcar, além de que já não era a primeira vez que iamos jogar ao abrigo do tal programa.
Depois queixam-se que têm dificuldades; e até é verdade. Mas o esforço para melhorar a situação também não é grande.

Mistério

Desde há algum tempo que uma coisa me intrigava: sempre que chegava a casa, havia uma mancha de humidade num espaço do chão que eu não compreendia. Até hoje.
De facto, bastou colocar a pergunta a um dos bombeiros do prédio para desvendar o que até aqui era um mistério. Resumidamente: o inquilino do 13º andar usa muito o sistema de ar condicionado central. E é nas áres de saída do ar que a placa fica mais fria, o que causa condensação do ar, que aqui é sempre húmido.
Realmente, comecei a notar a tal mancha desde que me habituei ao calor e deixei de usar tanto o ar condicionado no meu apartamento. Mas a utilização que eu lhe dava antes equilibrava as temperaturas, o que deixou de acontecer.
Há coisas que, mesmo quando fogem da nossa compreensão, têm uma explicação tão simples... basta pensar melhor e colocar outras possibilidades. Ou então, perguntar ao bombeiro.

Paranóia

Estes últimos dois dias fui jantar com um amigo senegalês que conheci no aeroporto Paris-CDG.
Ele, como quadro duma grande empresa internacional, e a trabalhar em França, recebe antes de se deslocar a um país um relatório sobre a situação do país e cuidados a ter durante a estadia.
Assim, estes últimos dois dias ele ficou maravilhado por poder sair do hotel, a pé e à noite, coisa que não faria sozinho (o que se compreende).
Mas, além de dizer que ninguém acreditará em Paris se ele contar que saiu assim sem problemas, também diz que que há em torno da (in)segurança alguma paranóia, o que é verdade.
Em todo o caso, o clima de medo está instalado e a maior parte das pessoas não experimenta sequer desafiar essa ideia. Eu, ao fim de algum tempo em Abidjan, comecei a sair aos poucos e poucos, e agora sei os terrenos que piso. Há algum risco, como em tantas outras cidades, mas é de certa forma controlado.
Amanhã, o meu amigo volta para Paris, e pelo menos parte com uma imagem de Abidjan que lhe permitirá voltar com uma outra perspectiva.

domingo, 11 de outubro de 2009

Serviço

Recentemente fui a um restaurante considerado como o melhor de gastronomia africana de Abidjan. E, exceptuando o facto de não ter nenhuma luz natural, é um espaço agradável, com bom atendimento e boa comida.
Sendo um restaurante com algum nível, a exigência com o serviço é também maior. Mas neste ponto, há quem exija muito.
Na mesa atrás de mim, encontrava-se um casal a almoçar. Pediram um prato de carne, que o senhor decidiu não cortar. Em vez disso, chamou o empregado para que o fizesse por ele: passou-lhe o prato, o empregado pegou noutros talheres e cortou a carne em pedaços pequenos, como se faz aos miúdos. Mas foi o senhor quem mastigou.

sábado, 10 de outubro de 2009

Entrega

Desde há duas semanas que aguardava a entrega duma encomenda no escritório, encomenda essa que já se encontrava no porto de Abidjan. E durante essas duas semanas, diariamente nos era garantido que o material seria entregue no próprio dia, o que nunca aconteceu.
Hoje, às 8h30 da manhã recebo uma chamada: "patrão, está aqui um camião para descarregar." E estava mesmo: sem nos avisarem de absolutamente nada, apareceram para a entrega. Lá fui a correr para o escritório.
Perante este tipo de episódios, a dificuldade em manter as coisas organizadas torna-se maior. Se cada pessoa pensar apenas em si e no que tem a fazer, sem qualquer consideração pelas consequências que causam e sem uma mínima coordenação com os outros intervenientes, não se pode esperar muita eficiência.
Agora a encomenda está entregue e o material armazenado. Só falta irem lá buscar o contentor, que deixaram ficar...

Jogo

Que as pessoas não cumpram, na maioria das vezes, os prazos que me prometem, já estou habituado. Aliás, já faço as coisas de forma a corrigir tal "desvio".
Mas que não cumpram os prazos e ainda me digam, com toda a naturalidade, que para a semana será complicado porque estarão ocupados, não me parece muito razoável e merece da minha parte uma reacção mais enérgica. Hoje fui obrigado a dizer a um director que gerir a agenda dele não é da minha responsabilidade, e que o compromisso dele já está em causa.
No fundo, tudo isto acaba por me parecer um jogo: eles tentam, e se nos deixarmos levar, tanto melhor. Mas se confrontados, como foi o caso, reorganizam rapidamente as prioridades, e lá terminam as coisas. Pelo menos, assim espero.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Super garrafeira

Recentemente visitei uma garrafeira aqui em Abidjan, que me deixou boquiaberto. Não pelo espaço, que é normal, mas pelos valores envolvidos.
É que é uma garrafeira de vinhos caros e com milhares de garrafas em stock. Estamos a falar de 15.000 unidades e uma média de preços que deve rondar os 100€, provavelmente a julgar por baixo. A garrafa mais cara que tive oportunidade de ver (sem tocar, não fosse estragar alguma coisa) custava 3.000€.
A juntar à minha estupefacção, o proprietário disse-me que o stock era renovado a cada 3 meses, exceptuando algumas garrafas realmente mais dispendiosas. Fiquei sem palavras, e nem foi preciso beber.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Buracos famosos

Há alguns buracos nas estradas que já são famosos. Há um perto do porto de Abidjan que toda a gente conhece: é uma caixa de saneamento, no meio da via, que ficou sem tampa há já vários meses.
Toda a gente menos uma senhora que por lá passou esta manhã, ao volante de um Dacia, e que lhe acertou em cheio.
Ao contrário do que eu imaginava, que qualquer carro que não evitasse tal obstáculo ficaria imediatamente incapaz de continuar o seu caminho, este continuou serenamente.
O facto de ter sido a baixa velocidade e de ter sido uma roda traseira poderá ter ajudado, mas ainda assim fiquei surpreendido. Já a senhora não pareceu minimamente afectada, não sei se por hábito ou simplesmente porque o resultado não foi assim tão mau.

Metro em Abidjan

O director para África duma companhia francesa que opera nos domínios da energia e transporte aventou esta semana, numa entrevista publicada no jornal, a possibilidade de se vir a instalar um sistema de metro em Abidjan.
Fê-lo não de forma espontânea mas em resposta a uma pergunta do jornalista sobre se essa não seria uma solução para os problemas de transporte da cidade.
Duma forma realista, a sua resposta foi no sentido de dizer que no caso de o país estar interessado, eles têm uma fórmula adaptada para cidades desta dimensão, com 5 milhões de habitantes. Mas também disse que não basta estar interessado, é preciso estar preparado, porque estes são projectos que levam em consideração o futuro a 40 anos e muita manutenção. O caminho será longo, portanto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Anúncios

De forma a andar informado sobre o que se vai passando à minha volta, leio o jornal diariamente, ou pelo menos leio o que me interessa e passo os olhos no resto.
E há uma coisa que me chama sempre a atenção: é que praticamente todos os dias aparecem anúncios em tamanho grande e com fotografia, de empresas a informar que uma certa pessoa já não faz parte dos seus quadros e que declina toda a responsabilidade por qualquer actividade em nome da empresa que possa ser efectuada pela pessoa em causa.
Além do mais, não são apenas os empregados da base da pirâmide o motivo destes anúncios: hoje o visado é o ex-Director Geral duma empresa de seguros, que deve continuar a fazer das suas porque já não é a primeira vez que o vejo no jornal. Qualquer dia, aparece uma lista de caloteiros.

domingo, 4 de outubro de 2009

Zouglou

Em Yopougon, há um espaço enorme onde as pessoas se juntam para beber e ouvir zouglou ao vivo.
Zouglou é um estilo de música típico de Abidjan, baseado na percussão e em letras sobre o quotidiano. E hoje fui assistir a esse espectáculo, que foi engraçado apesar de não terem estado presentes grandes grupos.
Também é engraçado ver como estava lá tanta gente, e a beber muito, num domingo ao final da tarde. Em todo o caso, eu já estou em casa para descansar que amanhã é segunda feira.

Concerto

Foi hoje o concerto de Johnny Pacheco e, tal como previsto, lá estive presente e fui pontual: o concerto estava previsto para as 18h e às 17:45h eu estava no meu lugar.
O que não foi nada boa ideia, porque o palco ainda estava a acabar de ser montado e o sistema de som a ser ligado. Os músicos, certamente mais avisados, chegaram às 19h, mas o concerto só começou passado meia hora. Isto porque o senhor Pacheco já tem alguma idade e dificuldade em andar, pelo que tiveram de encontrar uma cadeira para ele se sentar em palco. E também porque os instrumentos tiveram de ser afinados, o som ajustado...
Quando finalmente tudo estava pronto, o concerto começou, mas foi interrompido várias vezes: uma para pedir à mesa de som para aumentar o volume das colunas à frente dos músicos; outra para que o músico recebesse dois quadros pintados por um artista do Gana; outra para dizer que o concerto seria interrompido se as filmagens não contratadas não parassem.
Além destas interrupções, os ecrãs gigantes instalados pareciam ter dúvidas sobre o que devia passar, e durante metade do tempo mostraram imagens do concerto, e durante a outre metade passaram um documentário sobre a evolução da segurança automóvel.
E assim, não posso dizer que tenha sido um grande concerto, mas pelo menos serviu para fazer alguma coisa diferente.

sábado, 3 de outubro de 2009

Take away

Hoje jantei num maquis junto à lagoa, muito simpático e concorrido. Fica num local que jamais descobriria se não fosse com um amigo que conhece. Passa-se por umas ruas esquisitas, e fica por trás duns prédios, ao fundo duma viela.
Mas a comida é boa. E segundo dizem, o atiéké que lá fazem é o original. Por sua vez, o peixe também estava saboroso, e ao tempo que demorou devia ser fresco acabado de pescar.
Além de tudo isto, é um maquis com uma versão de take away, com as brasas à entrada e muita gente à espera da refeição para levar para casa. Só é pena que fique tão longe de casa...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Serão diferente

Há por aqui algumas formas de passar um serão agradável, e sobretudo diferente de ficar em casa frente à televisão a ver filmes repetidos.
Um senhor que trabalha na área da comunicação organiza no jardim da sua casa (uma bela casa, do tempo colonial) ora sessões de cinema ao ar livre, ora tertúlias para discutir um tema à escolha.
Acaba por ser um grupo muito interessante que lá vai parar, das mais diversas origens e profissões: e também é nessa diversidade que está a graça. A repetir.