quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Neve em Paris... hoje!

Previam neve em Paris anteontem; não nevou. Previam neve em Paris ontem; não nevou. Previam neve para Paris hoje; e está a nevar.
Normalmente, isto não me chamaria especial atenção, mas desta vez sim. É que ontem e anteontem eu não tinha um voo a sair de Paris para Portugal, e hoje tenho. Ou tinha. Ou já nem sei.
Estava inicialmente previsto às 7h20, pelo que às 6h cheguei ao aeroporto. Devido às condições metereológicas, foi atrasado para as 13h15. Depois para as 13h50. Depois para as 15h, que por enquanto se mantém mas nunca se sabe. E eu aqui, pois claro, desde há quase 8 horas.

Stress pré-viagem

A partida de Abidjan foi um stress. Tanta coisa para acabar, tanta coisa para deixar preparada, tornaram o último dia na Costa do Marfim num sprint em formato de maratona.
O que é preciso trazer, o que é preciso deixar, o que é preciso antecipar... Independentemente de até ter as coisas organizadas, há sempre uma série de outras às quais é preciso prestar atenção.
Finalmente, acho que ficou tudo pronto. Os próximos dias o confirmarão, espero.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Momentos de caos

Esta noite fui jantar ao Taverne Romaine. Cheguei e tudo estava calmo, pouca gente no restaurante. Mas de repente, tudo mudou.
É que num período de talvez 20 minutos, chegaram todos os libaneses de Abidjan, passe o exagero. Em todo o caso, muitos libaneses que se conhecem, porque a cada grupo que chegava, todos se cumprimentavam, levantavam-se, cadeiras a arrastar, o caos momentâneo. Depois, uns minutos de acalmia, mas só até nova abertura da porta.

Neve em Paris

Hoje nevou em Paris! E eu que gosto de frio, e de caminhar pelas ruas das cidades (programa que conto seguir na próxima quarta-feira), já estou a pensar no que vou vestir.
É que aqui em Abidjan não tenho um guarda-roupa preparado para o frio. E menos ainda para o muito frio! Tenho um único casaco mais adaptado, mas nada mais.
De qualquer forma, eu vou. E vou caminhar, nem que tenha de parar em cada café para beber um chá.

NÃO chamem a polícia!

Um jipe da polícia a entrar para uma zona de jardim, de noite, onde não existe nada além de erva e árvores: aparentemente, toda a gente sabe do que se trata, e agora eu também.
Na mais perfeita impunidade, e com a complacência (senão mesmo a protecção) dos superiores, os polícias roubam as pessoas. Leram bem: roubam as pessoas.
Funciona assim: apanham alguém na rua, normalmente africanos estrangeiros, e levam-no para um local escondido. Uma vez aí, roubam-lhe o dinheiro e tudo o que tenha algum valor. Depois, abandonam a pessoa noutro lado qualquer.
Mais ainda, os "campeões" deste método são os elementos da unidade de combate ao banditismo, ainda que não lhes seja exclusivo. E perante isto, havendo algum problema acho que o melhor é NÃO chamar a polícia.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Guarda-chuva vermelho

Um guarda-chuva serve para várias coisas. Por definição, serve para abrigar da chuva. Mas também serve para fazer os miúdos imaginar que são um comboio quando o raspam naqueles passeios de cimento aos quadradinhos. Ou para fazer barulho nas grades. Ou para chegar a objectos que se tenham escondido debaixo de móveis. Ou como defesa. Ou como guarda-sol.
E hoje aprendi que, se for vermelho, também serve para sinalizar obras na estrada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Polícias vs. Vendedores de rua

A dada altura do almoço de hoje, em casa, na minha mesa com vista sobre a cidade, reparei numa multidão a correr. Homens com cintos na mão, mulheres com sacos de água na cabeça, rapazes com bisnagas de insecticida, outros com máquinas de calcular...
Estes são alguns dos exemplos dos vendedores de rua de Abidjan. Há muitos outros, mas o que têm em comum é que não são permitidos. E portanto, quando se vê um tal grupo a correr numa mesma direcção, é porque a polícia está no lado oposto. E estava.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Brincadeira

Esta noite está a trovejar. Daquelas trovoadas de vários pontos, mas tão longe que nem se ouvem os trovões.
Eu gosto dos clarões, e dos reflexos que criam nas nuvens. Parece um jogo de luzes, uma brincadeira de deuses, talvez.
Enquanto eles brincam, eu vou dormir no meu quarto sem cortinas. A luz não me incomoda, mas que continuem sem fazer barulho.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Fora de serviço

Um dia tinha de acontecer, e aconteceu hoje: os três elevadores fora de serviço, e toda a gente a subir e descer escadas.
E eu passei por muitas pessoas, porque o 14º andar ainda fica longe. Umas sentadas nos degraus, outras em pequenas pausas nos patamares, outras a fumar, muitas a sorrir da situação, outras tantas chateadas.
Eu não fiquei nem contente, nem triste, nem incomodado. Simplesmente subi, e depois desci. Mas preferia que amanhã os elevadores estivessem a funcionar.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Tempo a galope

Nem parece verdade, mas já estamos a 6 de Dezembro de 2009. Lembro-me como se fosse ontem da minha partida de Portugal, da minha chegada a Abidjan pela primeira vez, de ter começado este blog, das viagens, de tanta coisa...
Tem sido um período muito intenso, pessoal e profissionalmente, e o tempo parece galopar. E entretanto já aconteceu tanta coisa; já perdi casamentos, já perdi nascimentos, já perdi momentos; já ganhei cidades, já ganhei amigos, e ganhei outros momentos.
No fundo, cresci bastante, mudei um bocado. E o tempo continua a passar, e já lá vão mais de 400 mensagens no blog.

Autocarros

É assustador ver os autocarros circular aqui. Para mim, é como ver um acidente em eminência constante.
Ora têm os eixos desalinhados e por isso andam claramente enviesados; ora não têm vidros nas janelas e nas portas, e vêem-se braços e pernas a sair pelos espaços; ora têm pneus completamente carecas; ora têm as suspensões tão más que a cada curva que fazem, inclinam duma forma pouco razoável. E quando são daqueles autocarros mais compridos (com o fole a meio), a parte central vai quase a raspar o chão.
A lógica aplicada aos camiões de carga é também aplicada aos autocarros: enquanto conseguir andar, carrega-se mais um bocado. Mas pessoas não são bananas ou sacos de cimento, o que torna o caso bem diferente.

Azar

Como já aqui tive oportunidade de contar, os filmes que passam nos canais aos quais tenho acesso, são muito repetitivos.
Mas também tenho azar. Na semana passada um amigo emprestou-me um filme, que vi na sexta-feira à noite... E agora liguei a televisão e está a começar esse mesmo filme!!
Entre tantas opções, porque haviam de ter escolhido aquele? É verdade que o mesmo se aplica a mim, mas eu escolhi primeiro!

Espera

Hoje querem fazer-me passar fome. No total, até este preciso momento já esperei praticamente 3 horas, divididas pelo almoço e o jantar.
Ao meio-dia, peguei numa revista e no iPod e fui a um hotel aqui perto comer uma "club sandwich". Como estava em ritmo relaxado e distraído pela leitura, só passado cerca de 1h15 é que me apercebi que ainda não me tinham servido.
Agora à noite, encomendei uma pizza às 18h33, e entretanto pus-me a ver um jogo de futebol, que já acabou. Voltei a ligar e, convenientemente, disseram-me que já estava a caminho. E eu à espera...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Portugal-Costa do Marfim

Quis a sorte que Portugal ficasse no mesmo grupo que a Costa do Marfim, no Mundial de futebol de 2010. E é logo o primeiro jogo da selecção.
Recentemente, assisti ao Portugal-Bósnia com um grupo de bósnios, juntamente com mais 2 portugueses. No Portugal-Costa do Marfim vai ser mais desequilibrado...
Quero que Portugal ganhe e não me sinto dividido, mas ainda assim vai ser uma sensação engraçada porque tenho algum carinho pelos Elefantes. Se para mais conseguir assistir ao jogo, será certamente com o "adversário", o que será interessante porque eles vivem o futebol tão intensamente como nós.
Está marcado para 15 de Junho. Espero não me enganar na tshirt que vou vestir.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Desprevenido

Acabaram-se os livros. Já não tenho mais nenhum para ler. É como uma morte na praia, estando eu a poucos dias de voltar a Portugal para recarregar a biblioteca. Mas tenho uma desculpa: fui enganado.
O último livro em que peguei era dos grandes com folhas finas, e pensei que ia chegar até ao final desta etapa. Mas não prestei muita atenção ao facto de ser um documentário, baseado em informações recolhidas das mais diversas fontes.
E assim, a 110 páginas do fim, acabou... porque o resto são mapas, fotografias, bibliografia, enfim, todo o suporte da investigação para a escrita do livro. Apanhou-me desprevenido...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Integridade

Na passada sexta-feira foi o festa muçulmana do tabaski. Os muçulmanos que tenham possibilidades compram um carneiro para partilhar com família, amigos e vizinhos. Os que não tenham, compram outras carnes e fazem o mesmo.
Assim, no início da semana passada, o sr. Missiri (guarda do escritório) veio pedir-me emprestado dinheiro para poder preparar o festa, coisa que eu fiz.
Pois hoje, no momento em que lhe entreguei o envelope com o salário de Novembro, ele abriu-o diante de mim e eu pensei que ele ia contar o dinheiro (coisa que nunca faz, apesar de eu lhe dizer que é sempre melhor desconfiar). O que ele fez foi pegar no dinheiro que me devia e entregou-mo.
É verdade que a dívida existia. Mas também é verdade que ele podia esperar que lhe pedisse, como decerto muitos fariam. Além do mais, a dita dívida representava uma parte substancial do seu salários, mas ele nem hesitou.
Confesso que fiquei sensibilizado com um gesto tão genuíno, e a pensar que a integridade não tem idade, nem nacionalidade, nem se ensina na escola.