Os momentos em que o francês (ou a falta dele) mais me incomoda é quando me sobe o sangue à cabeça. Porque quero protestar mas não o sei fazer conveniente e fluidamente em francês, como ficou hoje provado.
Esta manhã tive de me dirigir a um guichet no banco, o que pressupõe uma fila e uma ordem. Já lá estava há uns bons 10 minutos quando chegou um senhor, que cumprimentou a senhora à minha frente. E cumprimentou como se já não a visse há imenso tempo, de tal forma que engataram uma conversa-de-pôr-em-dia. E nisto, ele foi-se chegando à frente, olhando-me de lado de vez em quando, mas finalmente tomou o "seu" lugar.
Eu já estava a antecipar o filme, mas deixei-o continuar na conversa até ao momento de chegar ao balcão, por haver ainda a hipótese de ele então deixar tudo seguir a ordem certa. Como é evidente não deixou, e como é evidente eu interpelei-o.
Nem o senhor nem a senhora ficaram muito contentes, e tentaram justificar-se com uma série de argumentos: que já estavam juntos antes, e não estavam porque eu ouvi o início da conversa; que na Europa os brancos fazem igual (e os racistas são os outros!), o que não me interessa para nada porque eu falo onde quer que me façam isto; e que eu devia respeitar os mais velhos porque ele podia ser meu pai, ao que respondi que então tinha de deixar passar pelo menos mais 6 pessoas atrás de mim por serem mais velhas.
Apesar do meu francês limitado para estas ocasiões, foi bem suficiente para lhe dizer que achava aquilo uma verdadeira falta de respeito e educação. Ele lá continuou a tentar justificar-se, até que num tom paternalista me disse "meu jovem, não fiques frustrado, deixa lá" e estendeu-me a mão para me cumprimentar. E eu aí não tenho problemas de expressão, pelo que ainda deve estar à espera do aperto de mão.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
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