Anne Marie: é esse o nome da empregada de limpeza sobre quem vou escrever esta crónica.
Quando cá cheguei e falei com ela para firmar o nosso acordo de trabalho, timidamente ela disse-me que duas tardes por semana tinha aulas. Pareceu-me que ela pensava que isso impediria a sua contratação.
Não só não impediu como uma das condições para ser contratada foi não abandonar a escola. Porque ao final de tantos anos sem saber ler nem escrever (ela está na casa dos 40 anos), pareceu-me apropriado apoiar a sua vontade de aprender.
Durante este ano, por várias vezes me mostrou os seus cadernos, os seus trabalhos de casa, os seus exames. Há uns meses percebi que a sua maior dificuldade estava no francês, pelo que a aconselhei a ler bastante e, passados uns dias, ofereci-lhe o "Principezinho" de Saint Éxupery.
Hoje, a Anne Marie veio ter comigo para me dizer que tinha acabado de o ler. Além disso, tinha gostado muito. E melhor ainda, percebeu no essencial a mensagem.
Confesso que fiquei muito contente, a raiar o emocionado, tal como ela: julgo que foi o primeiro livro que leu, e penso que há uns meses ela não se imaginava sequer capaz de o fazer. A sua vontade de aprender é um exemplo para muita gente, e não apenas em África.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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