Ao sair do trabalho, hoje, tinha um presente à minha espera. Num céu absolutamente limpo, a lua em quarto crescente encontrava-se acompanhada de dois planetas, Júpiter e Vénus. Ainda que distem milhões de quilómetros uns dos outros, hoje estavam na mesma tela, no mesmo plano. Uma questão de perspectiva, dirão os mais pessimistas. Ou a prova de que há aproximações impossíveis que acontecem, argumentarão os optimistas.
Eu não percebo praticamente nada de astronomia, e talvez seja essa ignorância que alimenta o meu fascínio. Nos arredores de Montpellier, em locais pouco iluminados, passava muito tempo a observar as estrelas, os planetas e até os satélites em trajectórias cruzadas em torno da Terra (perdoem-me o abuso de incluir satélites na astronomia). Na altura até aprendi a identificar algumas constelações. Hoje, esse fascínio voltou, e seria capaz de ficar a observar aquele espectáculo durante muito tempo.
Agora, só em 2052 se voltará a dar tal conjugação de astros. Esta é outra coisa a que sempre achei piada: quando acontece um fenómeno destes, e nos dizem que só daqui a dezenas de anos se repetirá, mesmo aquele que nunca olha para cima sai à rua para ver o que se passa. Temos sede de coisas únicas e temos, sobretudo, medo de as perder. Eu não sou diferente, apesar de olhar muito para cima e de apontar às estrelas sem que me tenham alguma vez aparecido cravos nas mãos. Mas a partir de agora vou tentar dar esta perspectiva a outras coisas: por exemplo, quando fizer uma viagem que será difícil de repetir, vou escrever no bilhete do avião "Nunca mais" (ou 2128, que o efeito será idêntico mas é mais fácil de imaginar). E ainda por cima, vou tirar fotografias!
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
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