domingo, 31 de maio de 2009

Bilhete perdido

Hoje fiquei a conhecer a história de um dos professores de ténis do clube onde costumo ir. É uma história triste, em que um momento define toda uma vida.
Em pequeno, quando voltava da escola, ela via uma vizinha belga que jogava ténis com o marido num court perto de casa. Todos os dias ele ficava a ver, descobrindo assim a sua paixão pelo ténis, até que a vizinha lhe disse que, já que ele ali ficava todos os dias, podia fazer de apanha-bolas. A relação desenvolveu-se, e no regresso de uma das suas viagens à Bélgica, a senhora trouxe-lhe uma raquete (na altura, daquelas de madeira) para que ele pudesse começar a jogar. Coisa que ele fez, e com qualidade suficiente para que o seleccionador de ténis da Costa do Marfim o convidasse para ir treinar com ele.
As coisas correram bem. Fez torneios com bastante sucesso em todos os escalões, tournou-se um dos melhores jogadores da região de África Ocidental, e encontrou um dia um senhor francês que o apadrinhou. Quando tudo estava preparado para ele partir para França, por intermédio do seu "padrinho", para poder então dar outra dimensão ao seu jogo, o senhor ficou doente. Ao partir para França para se tratar, disse-lhe que quando voltasse, seria a vez dele partir. Nunca voltou: em duas semanas o cancro do pulmão levou a melhor. E assim o Souleiman perdeu para sempre o bilhete que o poderia ter levado bem mais longe do que a dar aulas no Club de Tennis du Vallon.

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