quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Entrevista falhada

Um facto inédito nesta campanha para as eleições na Costa do Marfim é a apresentação da candidatura duma mulher. Ex-ministra da Justiça nos anos '90, tendo depois saído do partido que na altura representava, reaparece agora como candidata à presidência da república.
No início desta semana, o Fraternité Matin dedicou-lhe duas páginas inteiras, onde publicou uma entrevista. E confesso que esperava muito mais de alguém já com alguma experiência política.
Na verdade, a entrevista foi mais direccionada para a igualdade de direitos entre sexos (e mesmo aqui, sem grande profundidade), do que para a sua candidatura. É certo que as perguntas não ajudaram, mas a candidata deveria ter tido a capacidade de as contornar e apresentar ainda assim algumas das suas ideias.
O resultado foi uma entrevista sem profundidade (nem mesmo no que à igualdade de direitos dizia respeito), em que a imagem que fica é de alguém que ou não tem ideias de todo, ou é muito mau a comunicá-las. Num ou noutro caso, as perspectivas não me parecem animadoras.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Comentários

A cada jornada de futebol, seja da Liga dos Campeões ou da liga francesa, tenho de ouvir comentários que conseguem ser mais absurdos do que em Portugal, apesar de termos a tendência a pensar que é apenas aí. Mas não é verdade.
Nos casos que tenho assistido, há ainda outra característica que me incomoda, que é o facto de roçarem a xenofobia. Dizer bem dos jogadores nacionais, não acho mal. Passarem imagens apenas do seu desempenho, ainda passa. Mas a isto tudo, dizer constantemente mal dos jogadores estrangeiros e arranjar sempre um melhor substituto francês, já não posso estar de acordo.
E assim, como já faço habitualmente, lá vou acompanhando as imagens dos jogos com boa música a acompanhar.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Linhas de curta duração

Aproximam-se as eleições, há que fazer algumas obras: esta parece ser uma máxima válida para todo o lado.
E a Costa do Marfim não é excepção. Com as eleições a 2 meses de distância, há que mostrar trabalho e mandar os trabalhadores para a rua. Neste caso, pintar os traços na estrada e refazer os blocos de cimento na base dos candeeiros de rua.
Mas para aproveitar a oportunidade e criar um impacto na vida de muitas pessoas, fazem-no durante o dia, na estrada que é a artéria aorta de Abidjan. Resultado à vista: engarrafamentos enormes, pequenos acidentes, muita discussão e tempo perdido. Ainda por cima, parece-me que as linhas são de curta duração.

domingo, 27 de setembro de 2009

Trabalho

Este domingo foi dia de eleições em Portugal. Os resultados já todos conhecem, e os discursos dos vários líderes estiveram dentro do esperado.
Mas o que me deliciou, confesso, foi a possibilidade de acompanhar os resultados praticamente em tempo real, com o detalhe por freguesia.
Uma vez que de há uns anos para cá estamos habituados a ter este tipo de informação, decerto não a valorizamos devidamente. No entanto, e talvez por me encontrar fora e num país onde este tipo de organização é por enquanto inimaginável, dei por mim a pensar no trabalho imenso que está por detrás dos números que nos são apresentados tão eficazmente. E continuo maravilhado...

sábado, 26 de setembro de 2009

Oásis

De hoje a uma semana, Johnny Pacheco estará em Abidjan para dar um concerto!
Por acaso, eu até gosto de salsa, mas não é tanto o artista ou o estilo de música que estão em causa. Antes, o facto de ser um oásis no deserto de eventos culturais em que vive actualmente esta cidade, desde concertos, a teatro ou mesmo cinema.
Tal como eu, muitas outras pessoas sentem o mesmo, e por isso já tenho um grupo bastante alargado de amigos e conhecidos interessado em ir ao concerto. Nesse grupo, inclui-se a proprietária duma agência de viagens com ligação directa à venda dos bilhetes, por isso julgo que temos lugar garantido. Vai ser bom!

Estufa

A época de chuva parece ter finalmente terminado. Após alguns meses de chuvas quase constantes, e mais alguns de chuvas intermitentes, desde há três dias que o céu azul e muito calor marcam presença.
É certo que, em comparação com Portugal, aqui é sempre quente. Mas o calor a que me refiro agora é daquele tipo que nos faz evitar sair de qualquer lugar com ar condicionado. Daquele que mal se abre a porta do carro ou se sai à rua, nos parece criar uma estufa debaixo das roupas.
Felizmente, já me sinto adaptado ao clima, e nem sequer me custa vestir um fato e gravata. Em Dezembro, quando for a Portugal, a história será bem diferente, mas ao contrário do ano passado, desta vez tenho aqui um bom casaco para criar a minha própria estufa.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fechadura

Muito estranho, foi o que me aconteceu esta manhã.
Um pouco antes das 7h, pareceu-me ouvir a porta do meu apartamento abrir. E pareceu-me de tal forma real que me questionei porque teria o empregado chegado tão cedo!
Claro que logo de seguida pensei que tivesse sido uma parte dum sonho, e não pensei mais no assunto... até sair de casa e ter confirmado que o empregado estava inocente.
Isto porque a porta tem duas fechaduras e eu, estando em casa, fechava sempre a de cima mas não a de baixo. Esta manhã, ao sair, dei conta que era a de baixo que estava fechada e a de cima aberta.
As alternativas possíveis parecem-me todas altamente estranhas, o que não significa impossíveis. E por isso, acabei o dia a mudar a fechadura. Pelo sim, pelo não...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Certidão de óbito

Esta noite estive num jantar em que todos os outros elementos eram costa marfinenses. Mais do que habituados e cheios de histórias para contar sobre a polícia, acabamos por passar um momento divertido a ouvir as histórias mais bizarras por nós vividas.
Mas houve uma que ganhou com grande vantagem, e que não resisto a reproduzir: um homem, estrangeiro dum país fronteiriço e cujo trabalho é recolher o lixo porta a porta, utilizando para tal um tipo de pequena carroça que ele próprio empurra, foi parado pela polícia que lhe pediu os documentos. Ao contrário da maior parte das pessoas na sua situação, ele tinha todos os papéis necessários e obrigatórios.
Mas o polícia estava decidido a obter o seu pagamento, e ao fim de pedir vários documentos (todos eles prontamente apresentados), teve uma ideia original: pediu a certidão de óbito!! E o rapaz, na sua simplicidade, disse que esse não tinha... e pagou.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Falta de livros

Estou novamente com o stress dos livros. Ou da possível falta deles.
Como viajo sempre (ou sempre que possível) apenas com bagagem de cabine, nunca tenho muito espaço para trazer muitos. Desta última visita a Portugal, trouxe apenas três, pelo que já imaginava que fosse pouco. Mas não pensei que ao fim de 15 dias já tivesse acabado dois...
Agora resta-me o último, que felizmente é o maior deles todos. E tem folhas fininhas, pelo que tem muito para ler. Só falta ser interessante, e durante uns tempos andarei entretido.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dias

Desde que comecei este blog, tomei a decisão de não escrever sobre trabalho, mas apenas sobre episódios pessoais, sentimentos, impressões.
Mas nem sempre é fácil fazê-lo. Desde logo, porque não acredito na total separação dos dois domínios. E depois porque, estando cá sozinho, a minha vida está quase totalmente subjugada aos ritmos e emoções profissionais.
O meu trabalho obriga-me a lidar com uma panóplia muito alargada de pessoas, instituições e realidades. Daí que as oportunidades para que as coisas corram bem ou mal sejam mais do que muitas. Ora hoje foi um daqueles dias chatos, em que chegamos ao final com a impressão mista de cansaço e irritação. Que amanhã seja melhor.

domingo, 20 de setembro de 2009

Feriado que não é...

Este domingo marca o final do Ramadão. Se fosse dia de semana, teria sido feriado e como aqui tive oportunidade de escrever, ao calhar num domingo por lei seria gozado amanhã.
No entanto, e talvez ao constatarem o excesso se feriados tão concentrados (quinta feira passada também o foi), devem tê-lo anulado.
Claro que isto originou uma grande confusão. Uns diziam que era feriado, outros que não. A edição do jornal nacional de ontem, que passa na televisão estatal, foi o método que encontraram para difundir a notícia e esclarecer a população. Assim, e logo à abertura, foi anunciado que por decreto de lei amanhã seria feriado. Mas no fecho do telejornal, anunciaram que afinal não é. Ainda bem que não há dúvidas.

Acidentes

Ontem foi dia de assistir a acidentes de viação. O primeiro com uma gbaka, o outro com um todo o terreno.
Quando ao final da tarde me dirigia para o ténis, uma gbaka que desfazia uma curva à direita para entrar na estrada mesmo à minha frente, fê-lo duma forma muito pouco convencional: bateu em alguma coisa que se encontrava na berma, ficou apoiada nas duas rodas da esquerda, saltou para as da direita, depois para cima da roda dianteira da frente e virou.
Mais tarde, já de noite e quando voltava para casa, um todo o terreno decidiu ultrapassar-nos a alta velocidade, e fazer uma curva à esquerda sem abrandar. A traseira fugiu-lhe no processo, entrou em pião e foi meter a dianteira na mato da berma.
As consequências deste último acidente não foram mais do que umas eventuais arranhadelas na pintura. Já do primeiro não tenho a certeza, porque a gbaka ia cheia e ninguém usa cinto de segurança. Espero que tudo tenha acabado bem.

sábado, 19 de setembro de 2009

Lomé

Lomé, capital do Togo: as primeiras impressões são escassas, ainda não tive tempo para apreciar a cidade ou a sua vida. Parece-me, no entanto, uma cidade tranquila, de pessoas simpáticas. Em comparação com Abidjan, a atmosfera é menos tensa.
A ausência de prédios faz com que a cidade se espalhe, e acabamos por ter a sensação de estar permanentemente numa grande vila, mas ainda não tive aquela impressão de estar numa capital (ainda que africana).
Um pouco à semelhança de Cotonou, no Benim, há muitas motorizadas. O fenómeno, aliás, foi importado de lá, e as queixas são as mesmas: falta de civismo a conduzir, imensos acidentes, o caos sobre duas rodas. E sem capacete, claro.
O hotel, a realidade que melhor conheço porque foi onde passei mais tempo até agora, não é má: é praticamente um resort, com acesso directo à praia, uma piscina olímpica aquecida e courts de ténis. Parece-me que há aqui uma série de pessoas de férias, muitos europeus.
Quanto a mim, temo que as impressões sejam sempre limitadas porque cheguei hoje e parto amanhã ao início da tarde. Mas espero ter a oportunidade de ver e sentir um pouco mais.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Chuva

Não gosto muito de chuva. Exceptuando aquela imagem romântica dum dia passado à lareira, enquanto chove lá fora, no resto do tempo não sou grande apreciador.
Se queremos sair, temos de levar guarda-chuva. Se levarmos um livro, uma revista, um documento, fica tudo molhado. Para circular de carro, é mais complicado. E por aí adiante.
Aqui, durante a época de chuvas, chove forte durante dias seguidos. Aos problemas mencionados, juntam-se também as inundações. E claro, para fazer desporto ao ar livre, também não ajuda.
Eu esperava que o tempo já estivesse mais seco, mas este ano não parece haver um intervalo entre a grande e a pequena época de chuvas. Por isso, frequentemente tem chovido, o que além de me incomodar, não me permite ir ao ténis quando quero, e preciso.
Mas é mais um esforço e vai passar. A seguir será o calor, e o sol permanente durante alguns meses seguidos.

Feriados por lei

Esta quinta-feira é feriado aqui. É um feriado muçulmano, que respeita a fase da lua e portanto não é fixo: só se sabe quando ocorre uns dias antes.
Mas do que eu quero falar não é deste feriado em específico mas a apetência aqui para aproveitarem todos os feriados, e sobretudo não estarem dispostos a abdicar de nenhum.
Assim, todos os feriados são válidos, sejam políticos, católicos ou muçulmanos. E quando ocorrem, o dia útil anterior é meio dia de trabalho, pois termina ao meio dia. Finalmente, e desta eu gosto particularmente, no caso do feriado calhar num domingo, é gozado na segunda-feira seguinte. E não é opção: é lei e aprovada. Mas acho que ainda não há feriados importados.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lixo

Hoje deve ter sido o dia municipal do lixo no Plateau e ninguém me avisou. Espero ser esclarecido no jornal de amanhã.
O Plateau, uma zona bastante asseada de Abidjan em comparação com o resto, estava esta manhã "mascarado" de Adjamé ou Abobo: lixo espalhado por todo o lado, nas ruas, nos passeios, em todo o lado, muito.
O primeiro amontoado vi-o da minha janela mal acordei. Pensei que tivesse sido um camião que tivesse descarregado involuntariamente naquela cruzamento. Mas depois de sair, verifiquei que era mais generalizado, e fiquei sem perceber o que se passou. No entanto, não consigo imaginar como terá acontecido sem ter sido uma acção voluntária. O que não é apenas bizarro, mas também um bocado nojento.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Confirmação

aqui tive oportunidade de partilhar que no meu regresso a Abidjan após as férias, tive várias surpresas ao nível da programação televisiva.
O CSI já era uma presença assídua no ecrã, mas agora passa também o Dr. House (primeira época), a "24" (julgo que a quinta época) e agora acabo de apanhar um programa do qual já tinha ouvido falar mas nunca tinha visto: um homem "caído" no meio da selva na Costa Rica e que deve sobreviver com muito poucos meios.
As novidades parecem confirmar-se. E sendo assim, apesar de não ver muita televisão, acaba por ser mais interessante, porque mesmo dobrado em francês, um episódio de Dr. House é sempre engraçado.

domingo, 13 de setembro de 2009

Taxista

Quando ando de táxi aqui em Abidjan, começo sempre por fazer um bocado de conversa com o motorista. Na minha cabeça, é uma forma de perceber se ele é dos bons ou dos maus, sendo maus aqueles que são criminosos e roubam os clientes.
Hoje apanhei um togolês simpático. Como todos, queixou-se da falta de clientes, piorada ainda mais com este período do Ramadão. E claro que ele me perguntou de onde eu era.
Ao saber que era português (mas poderia ter sido de qualquer outro país europeu), disse que "lá é que é bom, não é como aqui." E depois fez-me uma pergunta que achei curiosa: "porque é que vocês gostam tanto de África?".
Claro que subentendido vinha que eles tentam a todo o custo, e quantas vezes ilegalmente, sair daqui, e por isso têm dificuldade em perceber a nossa vontade de vir para cá. E apesar da minha resposta, politicamente correcta, não acho que tenha ficado convencido.

sábado, 12 de setembro de 2009

Atitude

Durante a manhã de hoje, e enquanto não começou a chover, assisti a um torneio de ténis local, para amadores. Foi tempo suficiente para ver uma cena que não é nova, mas que não deixa de me incomodar.
Quando cheguei, estava a jogar um francês, e a atitude dele durante o jogo deixava adivinhar alguns traços de carácter. Mas foi com ele já cá fora que tudo se confirmou.
Acabado de sair do court, vieram logo atrás dele 3 homens, não sei se costa marfinenses ou da região. E foi vê-lo num festim de "vai-me buscar a garrafa de água", "não consigo jogar melhor porque não preparaste bem a raquete", "arranja maneira de me secar isto" (apesar de não haver sol nenhum), e finalmente foi embora com um a carregar o saco, outro levava duas raquetes e o terceiro a garrafa de água.
Eu não conheço o passado dele. Também não conheço o futuro, mas parece-me que com alguma dificuldade será fora de países como este, dada a atitude. E se ainda ao menos lhes pagasse bem...

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

8 anos depois...

O tempo passa tão rápido! Hoje é dia 11 de Setembro, data incontornavelmente ligada aos ataques às torres de Nova Iorque.
Lembro-me perfeitamente do dia de 2001. Devido a uma pequena lesão do futebol, estava em casa de perna esticada em cima dum puff quando o zapping me levou à CNN. E eis que assisti àquilo que é por demais conhecido.
Na altura estava a começar o meu segundo ano da faculdade; tinha um carro novo; jogava no Desportivo de Vilar; tinha 19 anos; não gostava de economia; tinha uma relação de meses; não comia tomate; não falava francês; já tinha o mesmo número de telemóvel; usava o mIRC (acho eu); e mais uma série de coisas.
Quando vejo o que me aconteceu desde essa altura, até custa a acreditar. É que parece que foi ontem, e um dia não dava tempo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Derrapagem orçamental?

O Hotel Ivoire é um ícone de Abidjan. Há quem o considere, em termos de significado, a Torre Eiffel daqui. No entanto, a negligência a que foi votado fez com que se degradasse de tal forma que acabou por ter de ser encerrado.
Agora, para o congresso anual do BAD (Banco Africano para o Desenvolvimento) que decorrerá em Abidjan, decidiram que seria no Ivoire... pelo que é preciso, em tempo recorde, refazer o hotel.
O plano inicial era começar pelo centro de congressos, depois passar ao edifício secundário e finalmente à torre, num total de 750 quartos. O centro de congressos parece realmente avançado, e dizem que abrirá em Dezembro deste ano. Mas o resto está com bastante atraso, e por isso foi decidido fazer tudo ao mesmo tempo. Tempo previsto para os trabalhos: 8 meses.
É possível? Decerto sim. Tem custos extra? De certeza que tem. Sabe-se quanto? Devia pelo menos ter-se uma ideia, mas não. Perante a pergunta, o presidente da empresa que gere o hotel e que está a dirigir as obras declarou ao jornal que não tem ideia. Digam-me se não é uma forma honesta de evitar derrapagens orçamentais.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Atravessar

Nos últimos dias, as pessoas por cá parecem estar a arriscar mais a atravessar a rua. Não me parece que seja um novo desporto, mas quase todos os dias vejo alguns casos arriscados... alguns deles frente ao meu carro.
Havia um jogo de computador que consistia em atravessar ruas, ou rios, sem ser atropelado por carros ou barcos. Claro que à medida que os níveis avançavam, os veículos andavam mais rápido. Aqui, parece-me que o pessoal chegou a um nível elevado. Espero que a seguir não venha o game over...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Novidades

Depois do regressar das férias, as emissões da televisão de que tenho subscripção parecem ter melhorado. Não sei se é da disposição (umas férias ajudam sempre), e vou esperar mais uns tempos para não me precipitar. Mas pelo menos durante uns dias, parece melhor e com algumas novidades.
Entre alguns filmes recentes (ainda não me apercebi se repetidos à exaustão, mas presumo que sim), a maior das novidades julgo ser o Dr. House. Embora dobrado em francês, sempre é uma melhoria (do ponto de vista de um fã, claro).
E agora vou desligar a televisão... para não esgotar já as novidades todas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Dinâmica das línguas

Meiway: é este o nome artístico dum cantor/dançarino costa marfinense. É um nome artístico como outro qualquer, mas achei piada.
Não me parece preciso perguntar qual foi a influência para o nome. Muito me surpreenderia se não fosse o tema de Sinatra, apesar de a influência na música ser bem menor. E também acho que a sonoridade do nome, dito em francês, deve ser engraçada.
Finalmente, acho curiosa a facilidade com que aqui se apropriam e adaptam outras coisas, outros nomes, sem lhes deixar apenso qualquer tipo de identidade anterior. E deve contribuir para a dinâmica das línguas.

domingo, 6 de setembro de 2009

Eventos

O clube de ténis que frequento também faz eventos, como casamentos, baptizados, aniversários. São sempre momentos em que se junta muita gente, e também bastante álcool.
De todas as vezes que lá coincidi com um destes acontecimentos, sendo acontecimento de adultos, houve sempre confusão. De todas as vezes também, eram libaneses os envolvidos.
Não tenho qualquer tipo de preconceito em relação a libaneses, mas é uma constatação que faço. Juntando álcool e mulheres, que me parece ter sido sempre o motivo da discussão, há uma marcação de território agressiva, e que por sua vez é ainda mais alimentada pelos factores já mencionados.
Quem lá trabalha e já deve ter assistido a tantas destas situações, normalmente não presta muita atenção e encolhe os ombros, deixando que os envolvidos se entendam.

Cozinha libanesa

O jantar desta noite era para ser de cozinha libanesa, com alguns amigos. Fomos, de facto, a um restaurante libanês mas que estava fechado mas encontramos uma alternativa que permitiu manter o programa. Ou quase.
O local era simpático, na margem da lagoa (que felizmente hoje não emanava nenhum cheiro em particular). E perante um menú que nos era desconhecido, pedimos sugestões ao empregado com a menção de que "queriamos libanês", coisa que ele fez simpática e diligentemente.
Quando o jantar foi servido, vimo-nos perante algumas coisas tipicamente libanesas, mas outras que nada tinham de libanês. Ou assim pensamos...
Colocada a questão ao empregado, ele sem qualquer tipo de hesitação respondeu que tudo era fabricado no Líbano, excepto a coca-cola. É para aprendermos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Patientez

A ideia que eu sempre tive das idas ao banco é que normalmente não são das coisas mais agradáveis ou interessantes, e que demoram sempre mais do que gostariamos.
Aqui, essa percepção tem sido ainda mais acentuada. Sempre que lá vou, seja qual for o motivo e quase independentemente da importância do assunto, demoro sempre para lá de 45 minutos. O que é desesperante, mas pelo menos dá sentido a uma palavra: é que no momento de dizerem "aguarde", dizem "patientez". Não podia estar mais de acordo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

"Farmosaria"

Há uma farmácia no Plateau (que originalmente se chama "Pharmacie du Plateau") que esteve uns tempos em obras. Agora reabriu e tive uma surpresa.
É que a decoração que fizeram alude mais a uma retrosaria do que a uma farmácia: tem uns panos às cores (amarelo, vermelho, verde, azul), pendurados do tecto em dois pontos e pregados ao chão noutro, pelo que formam triângulo que permitem ver para o interior. Mas ainda tenho de lá ir comprovar que não vendem tecido ao metro...
Este episódio faz-me pensar. Não que concorde com a decoração, porque se é uma farmácia e parece uma retrosaria, algo não está bem. Presumindo, claro, que os proprietários não pretendem esconder o negócio. Mas fico a pensar que dar as coisas por adquirido é redutor, é limitar-mo-nos ao quadrado. Afinal, duma farmácia eu espero um certo aspecto por hábito, mas não é necessariamente o único possível. Mas uma hipótese já está eliminada.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Férias

As férias acabaram. Foi o primeiro verdadeiro período de férias que tive desde que me encontro nesta situação de expatriado, e o objectivo era estar o máximo de tempo possível com as “minhas” pessoas. Isso foi conseguido, e ainda aliado a muita praia, bastantes passeios e bons jantares. Fiquei contente.
De regresso a Abidjan, até venho moreno, o que confirma a minha tendência para andar em contra-ciclo. Afinal, parece mais lógico (como muitas pessoas me relembram frequentemente) que à saída de Abidjan estivesse mais moreno do que à entrada, mas não é essa a minha realidade.
Como sempre nos regressos, já sinto a crescer em mim aquela luta interior mais intensa que durará alguns dias: apesar de me sentir revitalizado pelos momentos recentes no meu habitat, e que ajudam a aguentar com maior serenidade os meses de distância que tenho pela frente, queria mais. São as minhas overdoses de saudade.
Num exercício de distanciamento, estes momentos são muito interessantes, porque me obrigam a crescer: eu não nego que sempre que estou longe tenho um sentimento de falta praticamente constante. Por outro lado, não posso e recuso-me a substituir esse sentimento por uma depressão ou tristeza profundas.
Assim, o mais razoável sempre me pareceu “negociar” um equilíbrio, encontrando formas, escapes e pontos de contacto que permitem melhor lidar com a ausência. E uma parte importante desse processo, para mim, é olhar para diante, para a frente, para o futuro… e correr atrás dele.