Nunca fui tão adepto do crédito como durante estes dias em Nouakchott. De repente, as discussões em torno de spreads, euribors e afins deixam de fazer tanto sentido, e o que me vem à ideia é um sistema binário: existência ou não do crédito.
A fotografia que posso fazer daqui é de pobreza. E sendo verdade que ela existe, ou não fosse a Mauritânia um país em vias de desenvolvimento, parece mais do que é na realidade. Explicando-me melhor, há aqui muitas pessoas com bastante dinheiro, com rendimentos muito consideráveis, e que eu consideraria ricas aqui e em mais alguns países do mundo. Mas ao não poderem aceder ao crédito, são obrigados a juntar somas enormes de dinheiro vivo para comprar o que precisam. Além de levar muito tempo, é preciso alguma disciplina para conseguir não gastar o dinheiro. Deixem-me reformular: além de levar algum tempo, é preciso muita disciplina para não gastar o dinheiro.
E então encontramo-nos nesta curiosa situação: os ricos aqui andam em carro de pobre; e os pobres aí, andam em carro de rico. Permitam-me o abuso (e já agora o plágio) mas nada disto faz sentido senão à luz do crédito.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
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