Ao longo da nossa vida, há algumas coisas que nos marcam. Pela positiva ou negativa, acabam por ficar incrustradas na nossa memória ou imaginário. No meu caso, uma delas é Dakar, em grande parte responsabilidade do rali Paris-Dakar. Nunca cá tinha estado, mas desde há muito tempo que tinha um fascínio inexplicável por esta cidade africana. Finalmente, cá estou eu.
Cheguei ao final da tarde de domingo, o que não me permite dizer que conheço Dakar. Mas as primeiras impressões, nas cidades como com as pessoas, costumam ser muito importantes, e definem em grande medida a nossa opinião. Neste caso, são muito boas. Correndo o risco de me estar a precipitar, posso dizer que me sinto bem em Dakar.
Há uma coisa que o ser humano, em geral, não gosta: insegurança. E quando chegamos a uma cidade, julgo que mesmo inconscientemente, acaba por ser essa a nossa primeira preocupação. Olhamos para as pessoas em busca de sinais, sentimos o ambiente, posicionamo-nos. Aqui, sinto-me relaxado.
Para este sentimento, acho que contribui o facto de os senegaleses serem, em algumas coisas, muito parecidos com os portugueses. A sua histórica abertura ao exterior, tal como nós, torna-os abertos, de trato fácil, capazes de fazer o esforço de compreender um estrangeiro. Torna-os também curiosos, leva-os a aprender outras línguas, outras culturas. E poderia continuar com outros paralelismos, mas ficarei por aqui.
Para minha surpresa, logo que cheguei ao hotel falaram para mim em português. O Ibraima, da recepção, teve aulas de português e fala-o de forma muito aceitável. Isto era algo em que nunca tinha pensado muito, mas não estava definitivamente à espera. É um pormenor que revela uma forma de estar de que eu gosto: ele podia falar para mim em francês, mas decidiu fazer o esforço para falar a minha língua. Para esse à vontade terá também contribuído o facto de eu identificar nele o wolof, dialecto local, o que acabou por criar um ponto de contacto.
São 7:00h da manhã de segunda-feira, mas ainda não amanheceu. Estou verdadeiramente ansioso para ver esta cidade de dia.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
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