Na mensagem de hoje vou revelar uma ideia que me vem perseguindo há já algum tempo. E se o faço é porque já não a acho tão descabida como antes.
Uma das imagens mais marcantes daqui é a das mulheres com os filhos às costas, envolvidos e suportados por um pano baoulé. Ora, os nossos tempos de bébé são alturas com uma curva de aprendizagem muito acentuada, em que a estimulação é muito importante. Música, jogos, interacção, tudo é importante para o desenvolvimento das capacidades cognitivas duma criança. Mas aqui os bébés passam os dias pendurados nas costas das mães. Se olharem para a frente, nada vêem senão as costas da progenitora. Olhando para o lado, vêem o que já chegou, nada antecipam, aceitam o quadro que lhes é desenhado. Eu quando ando num autocarro ou no metro virado de costas para a direcção do movimento, tenho sempre a sensação de estar a olhar para o passado, para o que já foi sem que eu previsse a sua chegada. Nada posso fazer, nada controlo, nada influencio. É como estar atrasado em permanência.
Agora imaginem o que será isso para um bébé. Quando está a preparar o futuro, não vê senão passados. Não será que isso mata a imaginação, mirra a curiosidade, destrói a capacidade de abstracção?
Como comecei por dizer, esta é uma ideia que me tem perseguido desde há algum tempo. Não sei se a acharão completamente parva, mas a verdade é que nunca por cá vi um bébé com aquele olhar de quem está a sorver o mundo. Na maioria das vezes estão a dormir. No entanto, se esta ideia tiver algum fundamento, o início da educação aqui poderá passar por carrinhos de bébé.
sábado, 13 de setembro de 2008
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