segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Assumpções

Questionar as assumpções: esse é um exercício que tenho de fazer permanentemente aqui, mas em cujos testes vou falhando repetidamente. E se o trânsito caótico, a mole de pessoas nas ruas, o planeamento urbanístico ou a nuvem de fumo me surpreendem, outras coisas há que me apanham de surpresa. Será a diferença entre ver a Torre Eiffel (é surpreendente) ou ver a Torre Eiffel em plena Avenida dos Aliados (que surpresa não seria!).
Assim, e porque a minha máquina de lavar roupa ainda não está a funcionar, hoje decidi levar algumas camisas a uma lavandaria, por sinal situada num dos melhores centros comerciais de Abidjan. Comecei por achar curiosa a forma exaustiva como identificam cada peça: o que é, de que côr, com que padrão e de que marca! Por exemplo, "1 camisa, azul e branca às riscas verticais, Massimo Dutti". Isto tudo manuscrito, claro, num papel químico do qual nos entregam o original. E de lá saí, muito satisfeito e até divertido com o processo. Mal adivinhava eu a surpresa que iria ter mais tarde.
Quando estava a planear mentalmente o dia de amanhã, dei por mim a pensar se seria melhor ir buscar as camisas de manhã ou de tarde. E então fui confirmar a data de entrega. Segunda-feira próxima!!! Acho que a máquina deles também não deve estar a funcionar. E cá estou eu a reprovar de novo...

2 comentários:

Anónimo disse...

Lembras-te de te ter falado do tempo de África(após ter lido uma passagem interessante e reveladora no «Ébano»)?! Realmente a noção do tempo é bem diferente aí!
Abraço!
Longo

Moura disse...

Não serei inovador se referir a qualidade literária que por aqui corre! Não será também surpresa para ninguém o elevado domínio da língua que exibes por estas bandas! :) É algo a que nos foste habituando amiguinho!

É de facto um prazer percorrer estas tuas estórias que de forma aparentemente tão fácil encurtam a distância e sentido de saudade que paira nos ares do Porto nestes dias.

São as palavras soltas que largas nesta "autoestrada da informação", tecnologia de ponta do século XXI, que dão mais valor às palavras que tantas vezes ouvimos aos chamados "velhos"... "Só sentes falta do que tens por garantido quando te falta!". E assim é. Seja a literacia, a internet, a rapidez da lavandaria ou a comida do piolho. Seja uma palavra ou um ombro do amigo (para descansar, reclamar ou se suportar enquanto se aligeira o estômago de algo que "caíu mal"). Ficarei assim frequentador assíduo deste curto caminho, desta estrada rápida de terra batida que liga o Porto a Abidjan...

Um grande abraço