Não tenho pressa. A ideia de estar aqui para ficar teve este efeito em mim: retirou-me a sofreguidão de conhecer com que costumo encarar cidades onde nunca estive. Normalmente, faço planos, vejo mapas, desenho rotas, aponto nomes, faço quilómetros e quilómetros. No fundo, preparo tudo para poder tirar o máximo num tempo limitado, faço dos lugares uma refeição fast-food. Assumo que me torno um consumista do espaço.
Mas aqui, não. Esta cidade é uma mercearia tradicional da Baixa do Porto, com cheiros, sabores e jeitos próprios, e que serão os meus durante uns anos. Por isso, sinto que tenho de os aprender e apreender, deixar em lume brando para libertar o que de melhor têm os ingredientes. Acaba por ser uma forma de respeito: quero assumir, e não consumir, Abidjan. E espero assim, com o tempo, ganhar o meu espaço, revelar as minhas preferências, construir a minha própria cidade.
Estou em ritmo de maratona, em processo de libertação prolongada. Os pacotes turísticos ficam para outras paragens.
domingo, 10 de agosto de 2008
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