quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Cautela

Uma expressão que frequentemente ouvimos é a de "usar a cabeça". Normalmente, pretende ser um apelo para alguém usar o intelecto na resolução dum problema, para raciocinar, ter discernimento. Numa sociedade eminentemente e cada vez mais de prestação de serviços, de valorização da massa cinzenta, tendemos a olhar para a cabeça-parte-do-corpo como olhamos para a cabeça-parte-da-alma: algo sagrado, que preservamos o máximo possível e afastamos de todos os perigos. E eu não posso discordar deste prolongamento dum instinto. Basta pensar no que é que protegemos quando caímos, ou quando algo nos é arremessado.
Mas a expressão pode ser usada noutras circunstâncias. No futebol, para dizer a um jogador para cabecear a bola, coisa que impressiona muitas pessoas e, realmente, não é do mais agradável. Ou então, pode indicar uma forma de transporte das mais diversas mercadorias. Em Portugal, lembro-me de ver mulheres com cestos de peixe ou sargaço sobre a cabeça. Coisa rara, actualmente, pelo menos nas cidades. Aqui, é precisamente ao contrário: praticamente tudo é transportado sobre a cabeça. As mulheres levam cestos de pão, de fruta, de amendoim, de louça, de panos ou bilhas de gás. E não são Pluma! Já os homens, também fazem uso da cabeça... para transportar tábuas, tubos, portas, chapas, sacos de cimento e por aí adiante.
Deste modo, o uso da cabeça ganha pelo menos duas dimensões. Uma intra-sociedade, nas ditas mais desenvolvidas, e em que se distinguem os que pensam mais e melhor; e outra inter-sociedades, como indicador do seu estádio de desenvolvimento.
A partir de agora, e à cautela, quando me desafiarem para um tête à tête vou levar capacete.

2 comentários:

Moura disse...

Como tanta outra coisa, a cabeça serve muitos fins diferentes! :)

Anónimo disse...

com capacete nao sei se te faço arroz... ;) Eli