Existem algumas coisas que são claramente mais fáceis de destruir do que de construir. Podemos pensar, por exemplo, num edifício, que se constrói em meses ou anos e se implode em segundos. Ou na confiança, que curiosamente pode respeitar os mesmos prazos. Mas outras há que resistem, persistem, ganham vontade própria e recusam-se a desaparecer.
Hoje vi mais uma gbaka-gbaka a entrar em sentido contrário num ramal de acesso à via rápida. E isso fez-me pensar na função das coisas.
Pensemos num relógio. Antes de ser bonito, dar estilo ou ser símbolo de status, tem uma função muito clara: dar horas. Ou na comida, que é alimento antes de ser tenra, apimentada e muito antes de ser cuisine française. Ou na pele, que é uma protecção antes de ser macia ou bonita. E poderia continuar indefinidamente, mas vou optar por passar para as estradas.
Uma estrada, antes de servir para circular numa determinada direcção, serve simplesmente para circular. É um espaço com as condições necessárias para permitir às viaturas ir de um ponto até outro, preferencialmente pelo caminho mais curto. O que torna tudo muito mais simples: as regras não são sinais, são necessidades, e isso justifica andar em contra-mão, desrespeitar vermelhos ou ultrapassar por onde quer que haja espaço.
No entanto, é difícil despirmo-nos dos nossos hábitos, das nossas ideias, apesar do desafio quotidiano. Por isso, enquanto eu travo esta batalha interna, à minha volta os carros perduram na sua função, usando as estradas para o que elas servem. E não deixam de ter razão, porque fora delas é bem mais complicado!
terça-feira, 12 de agosto de 2008
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