segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Reféns

Instabilidade política, desequilíbrios sociais e assimetrias várias são condições que parecem favorecer uma minoria, em detrimento dum bem-estar mais generalizado. Como é evidente, o egoísmo, a ganância e a ambição desmesurada dessa minoria impedem ou atrasam o caminho da maioria em direcção a uma vida melhor.
As eleições que se aproximam na Costa do Marfim prometem ser, em caso de sucesso, a luz ao fundo do túnel para a saída da crise profunda em que o país mergulhou. No entanto, a tal minoria não está muito interessada, e por isso vão existindo problemas, maiores ou menores, que vão atrasar o sufrágio eleitoral.
Como condição para as eleições, é preciso saber quem existe e quem vai votar. No pós-guerra civil, muitas pessoas não estão identificadas, não existem perante o sistema. Por isso foi lançada uma mega-operação de identificação, com recurso a uma entidade estrangeira para a regulação do processo. Eis um bom alvo para a "tal minoria" atacar.
Já tem acontecido noutros locais, mas hoje foi à minha porta. Num gabinete de recenseamento, entrou um grupo de jovens e destruiu as instalações, espalhando os documentos pela rua, com algumas agressões pelo meio. O que é mais assustador, é a leviandade e a facilidade com que se instiga uma tal acção. Num país com 50% de desemprego e taxas de analfabetismo muito elevadas, existem muitas pessoas dispostas a fazer estas coisas por muito pouco. Às vezes, uma cerveja basta, o que é um custo muito baixo para um retorno muito elevado (para a "tal minoria").
Ideais políticos? Protesto social? Não. Este é o resultado da miséria dos que fazem e da falta de escrúpulos dos que mandam fazer. E assim a "tal minoria" vai mantendo a maioria refém...

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